Que a estupidez estadunidense convenientemente chamada por eles de "guerra contra o terror" ultrapassou todos os limites da lógica não podemos discutir. Na verdade, não podemos mesmo, pois este não é o propósito do 30". Se bem que a análise do discurso do governo dos Estados Unidos para convencer o povo sobre os motivos daquela barbárie pode render até tese de doutorado.

A comunicação sempre foi uma prioridade nesta guerra e como parte do que eles mesmos denominam "conflito baseado em rede", o exército estadunidense lançou uma rede social para seus soldados no Iraque. Chamada de TIGR (Tactical Ground Reporting System), ou em tradução livre "Sistema de Relatórios Táticos de Campo", foi desenvolvida pela mesma entidade que criou a Internet há quarenta anos e foi projetada para permitir que os líderes de esquadrão façam upload de fotos de suas localizações, vídeos e arquivos de áudio para enriquecer a informação fornecida pelos mapas.

Eles esperam com esta rede, melhorar a troca de informações estratégicas e de mensagens entre os pelotões e nivelar o conhecimento do terreno por todoas as tropas para que rotas sejam traçadas com maior eficiência e ataques sejam melhor calculados, diminuindo o risco de atingir alvos civis, já que os pontos escolhidos já teriam sido catalogados e marcados na rede com fotos locais e vídeos detalhados.

Muito bonito e efetivo no papel, mas até hoje continuamos a ver civis sendo atingidos e tropas sendo emboscadas. Da mesma maneira que para os soldados estadunidenses e sua rede social militar altamente confidencial e protegida, a Internet as redes sociais e a rede de satélites podem fornecer dados valiosos também para os insurgentes. Basta uma visitinha a um Google Maps da vida ou cadastros no Orkut e você tem planejamentos de ataques e emboscadas com fotos de satélite do mesmo jeito!

Por seu caráter aberto, gratuito e de fácil acesso, as redes sociais podem ser uma faca de dois gumes e servir tanto para quem quer encontrar bons contatos profissionais, propostas de emprego, diversão e casamento e até mesmo para quem quer expulsar invasores de seu país. Mas quem está realmente mau intencionado, cria a sua própria rede e ainda tenta convencer aos contribuintes de que está fazendo um grande bem. Ainda que continuem matando quem não tem nada a ver com a história.

*Baseado em artigo de David Talbot