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segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A Web 2.0 pode salvar o mundo?

É fácil ficar viciado nos brinquedinhos[bb] inovadores do mundo da Web 2.0: aquele site que só entra com convite, o mais novo site colaborativo usando a mais nova técnica seja lá qual for. Nada de errado com isso. É natural que fiquemos atraídos por coisas novas criativas e legais e isso gera aumento de visibilidade para os inovadores da Internet.

Mas o brilho ofuscante da promessa tecnológica, pode obscurecer seu impacto social. E não apenas pelos efeitos negativos que os críticos de tecnologia falam. A rede social detém um potencial enorme de transformação da sociedade, mas vale perguntar: o que nos faz pensar que a rede social pode ser tão transformativa?

Como diria aquele programa: "vamos pensar um pouco". Responder a essa questão, não é tão simples como parece. Antes que você possa dizer como uma tecnologia em particular pode trazer mudanças, é preciso um entendimento de como a mudança social acontece...um entendimento que pode chegar a envolver até mesmo sua vida pessoal offline.

As concepções dos estudiosos envolvem coisas muito elaboradas, desde as teorias do caos e da complexidade, até psicologia comportamental e até mesmo biologia e ecologia. No chamado Milagre de Boston e na luta do Brasil contra a AIDS foram encontradas grandes diversidades, mas também importantes coincidências, que levaram alguns autores autores a oferecer uma série de recomendações.

Veja o que dizem e diga se você não é tão familiar a isso quanto eu e muito mais do que você pensava:

-Apóie os visionários, pessoas com um forte senso de comprometimento.

Uma das mais poderosas características da rede social é a maneira com que tende a dar o máximo àqueles que combinam paixão com clareza, transparência com autenticidade. E possibilidades recombinantes são atribuições como tags, RSS, agregação e redes de contatos criam ambientes com interações complexas.

-Apóie as interações, o networking e a troca de informações entre aqueles que têm o potencial de apontar o sistema em uma nova direção.

Remova as barreiras à inovação e facilite novas interações. Conversação, conteúdo, conexão e colaboração são a corrente sanguínea da rede social. Ela oferece ferramentas para descobrir outras pessoas com os mesmos interesses, permite quebrar os limites de tempo e distância e compartilha idéias englobando todo o espectro da mídia, da simplicidade do texto, à riqueza do vídeo.

-Fale fervorosamente daquilo que realmente importa para você. Dê voz àqueles que vivem os problemas que você quer atacar.

-O grande plus da rede social é uma auto-expressão - um juízo de valor muito peculiar, na verdade - e a maneira com a qual ele estende a habilidade de falar e ser ouvido por uma grande fatia da humanidade é maior do que nunca. Experimente expressar sua visão de uma maneira que o ajude a atrair outros para a sua causa. Seja consciente das reações geradas pelo que você diz e use essas reações para formara alianças.

Pegue o ícone da auto-expressão da mídia da rede social: um blog. Em uma interface simples permite que você escreva rápida e facilmente; sua cultura o encoraja não só a falar sobre fatos e estatísticas, mas também contar histórias e até segredos. Seus feeds permitem que as pessoas assinem o o sigam. Os tags permitem que o conteúdo seja descoberto por pessoas com pensamentos semelhantes. E os cometários, trackbacks, e buscas permitem comunicação em rede e reatividade.

-Cuidado com as regras simples que sustém e mantém no lugar o sistema existente, e trabalhe para entender os atrativos que terão que mudar e ser confrontados com o processo de transformação social. Espere que quando as mudanças reais ocorrerem, suas próprias interações mudarão junto com as dos outros. Isso pode até ser arriscado.

Os efeitos disruptivos das tecnologias da Web 2.0 já causaram mudanças em campos como os da notícia, entretenimento e política (lembra do viral de 5 milhões de dólares?). Eu não diria por um segundo sequer de que isso é previsível, ou que eles são sem estrutura ou hierarquia. Mas o potencial para quebrar essas estruturas é enorme!

-Apóie os inovadores sociais ajudando-os a articular seu comprometimento. Não force essas pessoas a se adequar a modelos pré-estabelecidos e objetivos já traçados. Ao invés disso, estimule e capture a articulação prematura do problema como linha de base para usar mais tarde, quando o pensamento mais formal e avaliativo se tornar apropriado e útil.

Uma das coisas que eu mais gosto na rede social é o espaço que deixa para a inovação e o valor que deposita em experimentações, tentativa e erro mesmo. Combinado com a abertura cultural à auto-expressão e auto-revelação, você tem um espaço que é altamente especializado em ser uma arena para experimentações.

-Veja e ouça àqueles que articulam a visão a qual você compartilha, que agem de uma maneira que te inspira. Procure por indivíduos com os quais você possa aprender. Considere você mesmo como seu próprio chamado. Talvez você também se encontre envolvido na inovação social.

Passar da simples navegação a uma participação ativa é uma das histórias mais comuns que ouvimos hoje em dia. Você começa lendo blogs, comentando em alguns, e antes que se dê conta, já está escrevendo o seu. Assiste a vídeos no YouTube, se sente motivado a colocar um seu lá e começa a achar sua própria voz. Isso, mais a habilidade de encontrar potenciais colaboradores com pensamento semelhante, pode criar uma poderosa corrente de participação.

-Permita as imperfeições. Em você e nos outros.

Rapidamente: quantos sites da Web 2.0 vêm à sua cabeça com aquele selinho "beta" estampado? Quase todos? E as mudanças constantes serão sempre assim assim enquanto a Web 2.0 ainda é um conglomerado de colaboração livre e criação, do contrário, vai sucumbir à transformação em um terreno de direitos reservados, equivalente a sistemas operacionais proprietários.

Mas o potencial está aí. E eu acredito que o poder da rede social aumenta o poder dos inovadores sociais muito além do que os autores do que eu comentei aí em cima poderiam imaginar. Isso é crítico, porque com a humanidade passando por tantas coisas ao mesmo tempo, desde o aquecimento global à pobreza e a crise do petróleo, há muita coisa a fazer e todos precisamos tomar um partido e colocar todo o poder inventivo e imaginativo da nossa espécie para funcionar!

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